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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Cansado de tudo

Fora demitido. As pessoas que passavam por sua vida, tentavam em vão imprimir sua marca. Tudo era muito comum.  Não via mais a “magia do mundo”. Tinha uma mãe desconhecida, um pai também. Desconhecido. Passou todos os anos de sua infância em um abrigo para jovens. Que não foram nada fáceis. Com poucas chances, decidiu concluir seus estudos e batalhar uma faculdade. Trabalhou por vários anos para um casal oriental, de longa idade. Mal dava para sobreviver. Conseguiu um emprego, sua nova profissão: ladrão de liberdade. Ele vendia gaiolas. A empresa então faliu. Está demitido. Sem sonho. Sem emprego. Sem dinheiro. O que ele mais quer da vida? Qualquer um quer uma vida assim... Bonito, cheio de saúde e disposição.  Nunca tivera uma mulher, nem uma sequer.  Suas horas vagas eram em um quarto de aluguel, com paredes sujas e fétidas. Sempre matutava, nos pássaros e em suas gaiolas. Pensava que se aqueles pássaros tivessem polegares, certamente se enforcariam. Pois tiravam- lhe a liberdade. Voar... O “voar”. Em suas gaiolas só pulavam, de um lado, para outro. Sentia uma dor semelhante. Sentia exatamente a mesma coisa, podia ter certeza. Tão jovem quanto, as oportunidades faltaram-lhe. Com uma mente assombrada pelo fantasma da fome, só conseguia pensar que tinha polegares. E como ato de liberdade, usaria os pela ultima vez. Certo do que faria. Começou a treinar os nós, qual ficaria melhor, tinha um pescoço esguio e fino, não seria preciso esforço. Subiu em uma cadeira, pôs a corda em volta do pescoço. Fechou os olhos, passou os olhos pela ultima vez, em sua realidade.  Às seis da manha, após uma noite de desespero. Ao pousar os olhos na janela de seu quarto, viu um lindo pássaro desses do canto belo, e que os compradores de gaiolas gostam. As lagrimas desceram em sua face feito torrente. Aquele pássaro estava ali. Cantando um dos sons mais belos que já ouvira. Em seu coração, brotava uma nova semente de esperança. Soube naquele momento que deveria tentar.  E foi o que fez! Ele tenta até hoje

Um comentário:

  1. O canto do pássaro... porque será que só somos capazes de ouví-lo quando chegamos no fundo do poço?

    Belíssimo, Ruth! Obrigado por partilhar esta história.

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